Tucanos irão depor no Congresso



 





Tucanos irão depor no Congresso
Oposição quer apoio de PFL para CPI

BRASÍLIA - O primeiro passo do Congresso para investigar a denúncia de cobrança de propina durante a privatização da Vale do Rio Doce será convocar o ministro da Educação, Paulo Renato Souza, o ex-ministro das Comunicações Luiz Carlos Mendonça de Barros e o empresário Benjamin Steinbruch para prestar esclarecimentos.

Os partidos de oposição pretendem que os depoimentos abram caminho para a instalação de uma CPI dos fundos de pensão. Além de supostamente ter cobrado R$ 15 milhões em troca do apoio dos fundos ao consórcio de Steinbruch, Ricardo Sérgio de Oliveira é acusado de ter cometido irregularidades nas aplicações da Previ, fundo dos funcionários do Banco do Brasil.

''Não acho que seja simples instalar uma CPI'', admite o líder do PT na Câmara, João Paulo Cunha (SP). ''Só com apoio em massa do PFL e de parte do PMDB será possível tocar para frente essa proposta.''

Precedente - Nem os discursos favoráveis às investigações dos líderes do PFL Antonio Carlos Magalhães e Jorge Bornhausen empolgam os oposicionistas. Eles não esqueceram a fracassada tentativa de instalar, no ano passado, a CPI da Corrupção contra o governo. Uma manobra do Palácio do Planalto, liberando cerca de R$ 47 milhões para redutos eleitorais de parlamentares, levou 20 deputados a retirarem o nome do requerimento de criação da CPI na última hora. Cinco desses deputados eram ligados ao então senador Antonio Carlos Magalhães.

O petista João Paulo Cunha tentará convencer hoje o líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE), da gravidade das denúncias envolvendo o tucanato. Ainda nesta semana, a oposição solicitará ao Ministério Público Federal a inclusão das denúncias contra Ricardo Sérgio, publicadas na revista Veja, no processo relativo às privatizações. Os líderes oposicionistas também pedirão que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) fiscalize as contas da campanha de José Serra ao Senado em 1994. Na reportagem da Veja, o empresário Carlos Jereissati afirma ter doado R$ 2 milhões não declarados a Serra.

Ontem, o ex-senador Antonio Carlos Magalhães disse ter sido informado de que o presidente Fernando Henrique Cardoso teria tentado impedir a publicação da matéria da Veja. ''Mas ninguém pode tudo'', ironizou.


PFL e PMDB contra Serra
Descontentes com escolha do ex-ministro aproveitam crise para tentar derrubá-lo

BRASÍLIA - Líderes do PFL e do PMDB aproveitaram a crise interna por que passa o PSDB para viabilizar a troca do candidato do partido às eleições presidenciais. O presidente do PFL, o senador licenciado Jorge Bornhausen (SC), avançou nos entendimentos com as alas do PMDB que fazem oposição a José Serra e com tucanos descontentes com a escolha do ex-ministro da Saúde. ''A substituição de Serra facilitaria uma recomposição'' diz Bornhausen.

A crise no PSDB foi detonada na sexta-feira, depois que o ministro da Educação, Paulo Renato Souza, e o ex-ministro das Comunicações Luiz Carlos Mendonça de Barros deram entrevista à revista Veja contando que Ricardo Sérgio de Oliveira teria cobrado, em nome de políticos tucanos, R$ 15 milhões do empresário Benjamin Steinbruch. A propina seria usada para financiar campanhas e seria dada em troca do apoio dos fundos de pensão ao consórcio liderado por Steinbruch para o leilão da Vale do Rio Doce.

Para o ex-senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), as denúncias de que Ricardo Sérgio cobrou propina de R$ 15 milhões durante a privatização da Vale vão acabar derrubando a candidatura do tucano José Serra.

Na época diretor do Banco do Brasil, Sérgio foi tesoureiro de campanha do tucano em três eleições.

''Aceitamos qualquer um menos Serra'', diz. ACM alega não ser o responsável pelas novas acusações contra Ricardo Sérgio. ''Fiz denúncias contra ele no ano passado, mas com relação à privatização da Telebrás'', diz.

Silêncio - O presidente Fernando Henrique Cardoso silenciou mais uma vez sobre o caso. Não se considera atingido e evitou dar esclarecimentos sobre os motivos que o levaram a esperar oito meses para demitir o ex-diretor do Banco do Brasil. Fernando Henrique pediu calma ao presidente do PSDB, José Aníbal, e proibiu nova polêmica Paulo Renato - ontem Aníbal havia dito que o ministro fora leviano em suas declarações à Veja e chegou a sugerir que ele deveria pedir demissão do cargo. A orientação de FH tem como objetivo encerrar o assunto para não motivar a criação de uma CPI.

Paulo Renato poderá pedir demissão quando retornar de uma viagem a Nova York, na próxima semana. Ontem, ele se mostrou furioso com as críticas que recebeu dos tucanos. ''Não estou conspirando contra Serra. Mas o que eles queriam que eu fizesse, que mentisse? Não vou mentir.''

Também não gostou de ser chamado de leviano pelo presidente do PSDB. ''Não reconheço autoridade no José Aníbal para me criticar nem fazer comentários a meu respeito'', rebateu.

O ministro, que chegou a ser pré-candidato pelo PSDB antes da escolha de Serra, estava ressentido com a cúpula tucana por não ter sido convidado a participar do programa político do partido. Ele também não participa do comando da campanha de Serra e está marginalizado no partido.

Conspiração - Após as denúncias, os tucanos consideram que Mendonça de Barros e Paulo Renato fazem parte da conspiração montada pelos líderes do PFL para derrubar a candidatura de Serra, substituindo-o pelo governador do Ceará, Tasso Jereissati, ou pelo presidente da Câmara, Aécio Neves (MG). Ambos negam essa versão. Mas assessores de Serra estranham que os dois tenham contado à Veja versões tão afinadas sobre Ricardo Sérgio.

Trata-se de um ''jogo muito pesado'', diz o líder do governo no Congresso, deputado Ricardo Barros (PR). Outro que é apontado como grande beneficiário da saída de Serra da disputa presidencial é o candidato do PPS, Ciro Gomes, cotado para ser o ''plano B'' dos descontentes do PFL, do PSDB e do PMDB.

O senador José Sarney (PMDB-AP), pai da ex-candidata do PFL à Presidência, Roseana Sarney, também torce pela queda de Serra, por uma questão de vingança. Sarney integra agora a ala oposicionista do PMDB que se reúne na quinta-feira para bloquear a aliança com Serra. Oito diretórios regionais do partido estão alinhados com Sarney e o PFL.


José Serra prefere o silêncio
BRASÍLIA - O candidato tucano José Serra preferiu ontem manter silêncio sobre o escândalo envolvendo seu ex-tesoureiro. Serra não fez nenhum comentário sobre as denúncias de que Ricardo Sérgio de Oliveira teria cobrado, em nome de políticos tucanos, propina de R$ 15 milhões do empresário Benjamin Steinbruch durante a privatização da Vale do Rio Doce.

O programa eleitoral do PSDB, que vai ao ar hoje na televisão, também irá mostrar o candidato José Serra alheio ao escândalo. Pronto desde sexta-feira passada, o programa não foi retocado. Vai, simplesmente, ignorar as acusações de que o ex-tesoureiro de Serra teria pedido propina durante a privatização da Vale. ''Não reservamos nenhum espaço para fofocas'', informou o publicitário Nélson Biondi, marqueteiro do PSDB.

Para Biondi, José Serra não tem que dar satisfação sobre um acusação que não lhe diz respeito. ''Quem tem que responder é o acusado (Ricardo Sérgio)'', afirmou o publicitário. ''Ainda que houvesse tempo para mudarmos o programa, não haveria razão para fazê-lo''. Enquanto o governo e a oposição montam estratégias para encarar as consequências do escândalo, Serra irá aparecer na TV falando sobre a própria biografia e seus feitos à frente do Ministério da Saúde.

Serra só quebrou o silêncio para se defender da acusa


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