Tucanos saem em busca de candidato
Tucanos saem em busca de candidato
Pré-candidato ao Planalto, Dante de Oliveira, governador do Mato Grosso, quer o bloco na rua.
Apressa do PSDB na construção de um bom discurso de campanha que possa dar visibilidade ao candidato do partido tem razões pragmáticas. Angustiados com o crescimento da candidatura da governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL), dirigentes, governadores e ministros do PSDB começaram a montar uma estratégia para tirar da toca os presidenciáveis tucanos.
"Se deixarmos para pôr nosso candidato na rua só no ano que vem correremos o risco de passarmos a discutir a vice, e não a cabeça-de-chapa", resumiu o governador do Mato Grosso, Dante de Oliveira, ele próprio um pré-candidato do PSDB ao Palácio do Planalto. Defensor intransigente das prévias partidárias para escolher o candidato do PSDB, o governador tem encontro esta semana com o ministro da Saúde e presidenciável, José Serra (PSDB), que não quer antecipar sua campanha, temendo desgaste.
Para não engrossar o coro do PFL, que insiste nas prévias para recusar o "prato feito" José Serra, o presidente da Câmara, Aécio Neves, lançou a proposta das consultas regionais. A idéia é reunir líderes, dirigentes tucanos e parlamentares de cada região para envolver a sociedade no debate das candidaturas. Dante aceita qualquer tipo de consulta que mobilize partido e sociedade em torno dos tucanos.
Transição preparada
O governo está preparando a transição para permitir que seu candidato a presidente saia com um discurso eleitoral propondo avanços na política econômica, sem fazer oposição ao ministro da Fazenda, Pedro Malan. Sutilmente, a área econômica do governo afina o seu discurso com o do presidenciável José Serra. Ao mesmo tempo, Serra distribui elogios à equipe econômica.
Articuladores do Palácio do Planalto apontam o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Sérgio Amaral, como o "homem-chave" para operar a transição, com um slogan: "Continuidade sem continuísmo". A idéia é que ele lance as bases para um programa de desenvolvimento, marcado pela adoção de uma política industrial e de exportações, aumentando a intervenção do Estado na economia. Teses antes defendidas pelos "desenvolvimentistas" do PSDB, liderados pelos ministros Serra e Luiz Carlos Mendonça de Barros (ex-titular das Comunicações), que perderam a queda-de-braço com a Fazenda.
Em visita ao Congresso na semana passada, o embaixador Sérgio Amaral falou explicitamente na adoção de uma política industrial com substituição competitiva de importações e especificou os setores: petróleo, bens de capital, complexo farmacêutico e eletroeletrônicos. Repetiu, assim, as propostas que o próprio Serra havia defendido dias antes, em Goiânia, durante o encontro do PSDB.
Cresce extração ilegal de palmito na Mata Atlântica
O corte ilegal de palmito nas reservas de mata atlântica do Vale do Ribeira e litoral paulista representou a derrubada de uma floresta de mais de 600 mil palmeiras juçaras, entre janeiro e setembro deste ano. O cálculo é baseado numa equação feita por ambientalistas e aceita pela Polícia Florestal e de Mananciais, segundo a qual o policiamento consegue recuperar no máximo 10% do palmito cortado.
Este ano, até setembro, segundo os números da Florestal, foram apreendidas 62.533 unidades, entre toras e o palmito já embalado em vidros. Cada unidade corresponde a uma palmeira cortada. O resgate desses produtos ocorreu durante o transporte pelas rodovias da região e dentro das matas. "No Vale do Ribeira, as apreensões representam de 8% a 10% do total retirado da floresta", diz o biólogo Clodoaldo Armando Gazzetta, da entidade ambiental S.O.S. Mata Atlântica.
A média mensal de 6,9 mil unidades apreendidas do palmito extraído ilegalmente das reservas é maior que a do ano passado, quando a polícia recuperou 4,4 mil unidades por mês. Para Gazzetta, o crescimento no número de apreensões foi proporcional ao agravamento dos crimes ambientais. "Há quadrilhas agindo dentro dos parques estaduais onde ainda existem palmitos." Para ele, a palmeira juçara foi extinta em muitas áreas de preservação, cobertas de mata atlântica. "Mesmo nos parques, a quantidade de palmito é pequena."
O 1º tenente Glauco Rogério Ribeiro Alves, da 3ª Companhia da Florestal em Sorocaba, disse que grande parte do produto apreendido foi retirada de palmeiras jovens. "Eles não estão esperando a árvore se tornar adulta." A companhia, que atua nos parques estaduais de Jurupará e Carlos Botelho, apreendeu mais de 20 mil unidades este ano. "Em algumas operações, usamos um helicóptero emprestado." Do alto, segundo ele, fica mais fácil localizar o palmito transportado no lombo de mulas.
A Florestal de Registro, no Vale do Ribeira, incumbida de fiscalizar quatro parques estaduais, apreendeu 32 mil unidades até setembro. Só em agosto foram recuperados 9 mil palmitos. O aumento no volume coincide com o período em que a vigilância dos guarda-parques foi retirada, após confrontos armados com palmiteiros. Um palmiteiro foi morto no interior do Parque Estadual de Intervales.
Pobre paga mais por cesta básica
Peso da carga tributária no DF é maior no bolso de quem ganha até dois salários mínimos .
Quanto mais pobre o cidadão, mais impostos ele paga, em termos relativos, sobre os alimentos da cesta básica. Para o brasiliense a situação é ainda pior. A capital tem a segunda maior carga fiscal sobre os gastos com alimentos (17,1%), ficando atrás apenas de Fortaleza (18,2%), entre onze regiões metropolitanas analisadas pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Foram considerados 39 produtos entre os mais representativos em valores calóricos e proteícos e em termos de hábitos de consumo. O que se constatou é que o ICMS, o PIS e o Cofins são os grandes vilões dos brasileiros. Eles respondem por 86% da carga fiscal dos tributos indiretos vigentes no País.
Em produtos básicos, como leite em pó, óleo, macarrão, arroz e o pãozinho de todo dia, o ICMS tem um peso superior a 10% no preço final pago pelo consumidor. A situação fica ainda pior quando se adiciona o PIS e o Cofins. Com estes dois impostos, a carga pode chegar a 15%.
Quatro pesquisadores do Ipea em Brasília resolveram avaliar em que medida a carga tributária sobre os alimentos afeta a distribuição de renda e o contingente da população abaixo da linha de pobreza. E o resultado comprovou o que já se imaginava: o impacto dos tributos é maior para os mais pobres.
Em Brasília, o peso desses impostos sobre a renda de quem ganha até dois salários mínimos é de 7%, enquanto que para quem ganha mais de 30 salários mínimos, não passa de 0,5%.
Os pesquisadores simularam, então, qual seria o ganho para o consumidor se esses impostos fossem eliminados. Mais uma vez, o resultado surpreendeu. A renda do brasiliense com menor poder aquisitivo teria um ganho de 5,2%. Ou seja, para quem recebe hoje R$ 360, o ganho seria de R$ 18,72, valor que daria para incrementar consideravelmente a alimentação familiar. Para os mais ricos, o incremento não passaria em 0,6%.
"Daria para comprar mais alguns quilos de carne, arroz e feijão, certamente, além de contribuir para uma melhor distribuição de renda e eqüidade social", avalia Frederico Andrade Tomich, que trabalhou na pesquisa junto com Luís Carlos Garcia de Magalhães, Fernando Gaiger Silveira e Salvador Werneck Vianna.
Mais do que isso. A isenção de impostos nos produtos básicos relacionados na pesquisa reduziria de 18,5% para 17,7% a população indigente de Brasília. Ou seja, menos 13.168 pobres na capital.
No caso de quem vive ainda mais à margem dos benefícios sociais, a população considerada indigente, os números são ainda mais expressivos. A faixa dos brasi lienses considerados indigentes cairia de 4% para 2% - menos 25.701 indigentes pelas ruas da capital. Para analistas, este talvez seja o meio mais econômico e eficaz para que se pratiquem os princípios de justiça social no Distrito Federal e no País.
Pesquisa sobre 39 produtos
A pesquisa do Ipea é recente, acaba de ser publicada pelo órgão, mas os dados utilizados são mais antigos. Para realizar o trabalho intitulado "Tributação, Distribuição de Renda e Pobreza: Uma análise dos impactos da carga tributária sobre alimentação nas grandes regiões urbanas brasileiras", os pesquisadores observaram o consumo de alimentos das onze maiores regiões urbanas do país constantes da Pesquisa de Orçamentos Familiares do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 1995-1996.
As regiões metropolitanas consideradas são Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre, além dos municípios de Goiânia e Brasília.
Para as estimativas da carga fiscal incidente sobre o consumo alimentar, foi considerada a cesta proposta pela Cepal e, a partir dela, selecionados 39 produtos: açúcar, alho, arroz, banana, batata, biscoitos, café, carne bovina, carne de porco, cebola, couve, farinha de mandioca, farinha de trigo, feijão, fígado, frango, iogurte, laranja, leite de vaca pasteurizado, leite em pó integral, limão, lingüiça, macarrão, maionese, mandioca, manteiga, margarina, massa de tomate, mortadela, óleos e azeites, ovos, pão francês, peixe, presunto, queijos, repolho, sal refinado, salsicha e tomate.
Da mesma forma, a definição das linhas de pobreza e indigência foram definidas considerando o salário mínimo de setembro de 1996.
Assim, no caso de Brasília, estão abaixo da linha de pobreza as famílias com renda inferior a R$ 103,2 e na linha de indigência quem ganhava menos de R$ 42,9.
Funcionários do BC fazem greve hoje
Os funcionários do Banco Central vão paralisar suas atividades entre as 13h e 17h de hoje em todas as regionais da instituição no País. O presidente do Sinal (Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central), Sérgio Belsito, diz que os funcionários buscam abrir diálogo com a diretoria do BC, que se recusa a marcar encontro para discutir as reivindicações salariais.
Belsito afirma que os funcionários estão há seis anos sem reajuste salarial. A reivindicação dos funcionários é de 75,48% de aumento. O governo está oferecendo 3,5%. A média salarial no Banco Central, incluindo-se os técnicos mais jovens, é de R$ 2.500,00. Quem tem nível universitário e mais de 20 anos no Banco Central está ganhando um salário bruto de R$ 6 mil.
Belsito afirma que 20% dos 4.500 funcionários já estão inscritos no cadastro de inadimplentes (atraso de pagamentos) da Serasa (Centralização dos Serviços dos Bancos). Ele observa ainda que 30% dos funcionários estão complementando salário com empréstimos junto ao Banco do Brasil. "Há casos de funcionários devendo mais de R$ 50 mil junto a agiotas", diz Belsito. "Tudo isso fragiliza o trabalho de fiscalização do BC", diz. Outros comprometeram-se em empréstimos para compra de imóvel com empréstimo junto à CEF, contando com a liberação do FGTS.
Alimento brasileiro terá selo exportação
A indústria de alimentos no Brasil é composta por cerca de 40 mil empresas, das quais apenas 251 são de grande porte (acima de 500 empregados). Outras 1.255 são de médio porte (acima de 100 empregados), 3.523 são pequenas (de 20 a 99 empregados) e a grande maioria, 87%, são microempresas.
Esse perfil pulverizado do setor alimentício é que levou à necessidade de criação de uma marca de origem, o Brazilian Taste que deverá proporcionar o acesso a mercados profissionais para o maior número de empresas que não têm estrutura para atuar sozinhas. O selo será apoiado por uma campanha de divulgação de imagem, difusão de informações e promoção de feiras.
Entre os objetivos do Brazilian Taste está o acesso dos pequenos e médios produtores às grandes redes do varejo em todo o mundo, assegurando condições objetivas de fechamento de negócios. Isso será alcançado por meio da formação de consórcios com produtores e cooperativas do mesmo ramo.
A Predilecta de Ribeirão Preto, que detém 30% do mercado de goiabada no Brasil, está no ramo exportador há mais de dez anos, e é um exemplo de empresa que poderá ser beneficiada pelo esforço do Brazilian Taste, se tudo der certo. A Predilecta exporta polpa, geléia e suco de goiaba para vários países da Europa, EUA e Caribe. Mas, segundo o diretor industrial Auro Ninelli, muita coisa ainda tem de mudar para Brasil se tornar um grande exportador. Para o economista Amílcar de Almeida Lacerda, da Abia, a conquista tem de ser aos poucos. A exportação, segundo ele, crescerá vendendo produtos industrializados em lugar de commodities. "É preciso ter uma política duradoura de incentivo às exportações, retirar obstáculos que amarram as vendas. Mais importante do que imposto e câmbio para o setor de alimentos é ter a garantia do governo de que a exportação vai ser uma atividade rentável."
Lacerda cita os exportadores de mel e própolis, que vendiam toneladas para o Japão e perderam mercado quando o real ficou mais forte que o dólar.
Artigos
Na cova dos leões
José Luiz Oliveira
Redação de jornal é um turbilhão fantástico. O telefone está sempre tocando e do outro lado alguém com uma história dramática e comovente, como a dos dois meninos que moram sozinhos e estão passando fome. Ou hilariante, como a mulher que está presa dentro de casa por causa de um rato que não sai de perto do portão. Ou então do aposentado que exige uma "grande" reportagem sobre um novo sistema filosófico que está desenvolvendo e, de quebra, oferece a receita para acabar com o homossexualismo ("É só ser, mas fingir que não é").
E há aqueles que irrompem pela porta com o intuito de tirar proveito (os mais freqüentes). Outro dia, um homem, dizendo-se desempregado, chegou chorando. Queria R$500 para fazer o enterro da filha, que já estava no IML havia bom tempo. Desapareceu como num passe de mágica, quando alguém disse que ia confirmar o nome da menina com os legistas.
Mas é daqui, pelos contatos telefônicos, por e-mail ou pessoalmente, que descobrimos o quanto o cidadão anda desprotegido nos seus direitos. O rapaz liga para reclamar da burocracia do INSS.
Só agora descobriu que quem pagou o teto da contribuição em duas fontes tem direito à devolução. Pagar foi fácil, diz ele, porque é descontado do salário. Mas na hora de receber pede-se tanto documento, tanto relatório que, desconfia, é mesmo para desencorajar o contribuinte.
Outro está revoltado com o atendimento bancário. Diz que trabalha para o banco, pois é obrigado a fazer tudo. E quando não sabe operar a máquina, custa achar um funcionário que lhe dê a mão. "Deixo meu dinheiro lá e ainda faço o serviço que eles deveriam fazer", protesta.
O rapaz chega exibindo duas contas telefônicas. Na correria diária, ele acabou pagando a mesma fatura duas vezes. Pagou a primeira com atraso. Aí chegou aquele aviso-conta pelo correio e ele pagou novamente. Está esperando até hoje um contato da empresa. No banco, informaram-lhe que o dinheiro cai na conta da companhia no mesmo dia, quando muito no dia seguinte. Tem toda razão de estar revoltado. Afinal, atrasou alguns dias e foi cobrado. Pagou duas vezes e ninguém tocou mais no assunto. Pode até não ser, mas que leva jeito de uma grande malandragem, isso leva.
Aí bate aquela inveja dos americanos. O empresário Paulo Medeiros, que viveu muitos anos em Nova York, conta que certo dia recebeu pelo correio um aviso da companhia de gás, informando-lhe que tinha um baita crédito. É que o leiturista aparecia quando ele não es tava e a empresa foi cobrando pela média. Quando a leitura foi feita, descobriu-se que ele pagava além do que consumia.
Empresas mais organizadas e honestas ou consumidores mais exigentes? Seja o que for, o fato é que, aqui, estamos abandonados, jogados aos leões e com um monte de bacana se divertindo.
Só resta ir ao armário e escolher uma máscara, como recomenda Nélida Piñon num de seus mais fantásticos contos.
Colunistas
Claudio Humberto
A ordem é terceirizar
O governo continua mal intencionado, em relação aos seus servidores, há sete anos sem aumento. Na proposta de Orçamento para 2002, que enviou ao Congresso, prevê gastos de R$ 780 milhões com "locação de mão-de-obra" e R$ 776 milhões com "serviços de terceiros, pessoa física", além de R$ 215 milhões para contratos "por tempo determinado". Não há alusão a concurso público, tampouco a reajuste de vencimentos.
Aqui pra nós...
...o que/quem protege o peemedebista Eliseu Padilha, titular do endinheirado Ministério dos Transportes, apesar de tantas denúncias de maracutaias na sua área?
Pecus na cabeça
A corretora de seguros Pecus, de Luiz Eduardo Lima Rocha, o Lula, é a responsável pelos seguros das empresas por onde passa o executivo português Manoel Horácio. Foi assim na Ericsson, na Vale do Rio Doce e na Telemar, onde deixou também essa "herança". No mercado segurador, correm maledicências sobre a relação entre Lula e Horácio.
Sem medo de terrorista
O Brasil está seguro na retaguarda. Se o ataque for no Rio tem o (Josias) Quintal, secretário de Segurança; se for em Brasília, tem o (Geraldo) Quintão, ministro da Defesa.
Vice jaburu
O vice-presidente americano Dick Chaney está escondido, por medida de precaução. Dizem que, antes disso, ele telefonou a Marco Maciel para saber como um vice pode ser secreto (ou discreto como um jaburu).
Pefelista honorário
O PFL do Paraná livrou-se do ex-prefeito de Londrina, Antônio Belinati, logo após as denúncias de roubalheira, há dois anos. Agora, o mesmo PFL acolhe de braços largos sua mulher, vice-governadora Emília, ex-PTB. Ela foi denunciada pelo Ministério Público como beneficiária de parte dos saques do ex-marido, que somam R$ 20 milhões.
Mistura fina
As revistas "especializadas" no culto às celebridades nacionais estão exagerando na dose de paparicação. Numa festa do Festival de Cinema do Rio, Jô Soares misturou uísque à Coca-Cola, mas a "Chiques e Famosos" censurou a informação no texto da reportagem. Sim, Jô Soares bebe uísque com Coca-Cola!
Intelig: mais caro
Obrigados a sobreviver com orçamentos cada vez mais curtos, os militares estão entre os primeiros, no serviço público, a escolher a operadora de interurbano pelo critério do menor preço. Assim, o Comando Militar do Nordeste, do Exército, fechou contrato com a Embratel, cujos preços são mais atraentes que os da Intelig.
Pensando bem...
...o Brasil é um país tão justo, mas tão justo, que até ladrão tem direito a aposentadoria.
Lerner é a mãe
A montadora Renault tem dez anos para pagar o empréstimo camarada do Fundo de Desenvolvimento Econômico do Paraná, além de receber do governador Jaime Lerner a participação acionária de 40% do estado. A montadora francesa, segundo o senador Osmar Dias, só começa a recolher o ICMS em 2009. Outra, a Audi/Volks, ganhou mais cinco anos.
George, o tonto
Bush filho entrará para a História também pela coletânea de frases, algumas premonitórias, de matar de inveja o ministro José Gregori: "Creio que nos dirigimos de modo irreversível no sentido de mais liberdade e democracia, mas isso pode mudar" (22/05/98). E "tenho feito bons julgamentos no passado. E bons julgamentos no futuro". E bingo! "O futuro será melhor amanhã".
O homem da hora
Até segunda ordem, Osama bin Laden tem fã-clube e site nos EUA. É o amerika.org, com biografia, fotos e merchandising de camisetas, sacolas, canecas, e até bonés de candidato a presidente. Está registrado no Texas, sem endereço ou telefone e, pelo teor da mensagem, o autor deve ser um maluco ou espertinho, quer apenas faturar uns bons US$.
Relator-mor
O senador ACM Júnior (PFL-BA) não é chegado a discursos, mas a sua disposição para o trabalho tem impressionado os colegas. Em pouco tempo de mandato, ele já relatou cinqüenta complicados projetos. Mais do que o papai ACM foi capaz de fazer em todos os anos como senador. Júnior agora vai integrar a Comissão de Economia do Senado, sua praia.
XPTO
Decifrado o código secreto de Osama bin Laden na TV Al Jazeera. Ele é canhoto!
Saudades do Brasil
Filhos de imigrantes brasileiros em Ontário agora têm assistência médica gratuita, ainda que os pais não possuam o visto de residência permanente. O governo considerou que "tratamento de saúde é um direito de todos", algo que nossa Constituição aqui também determina. Esses canadenses, com aqueles hospitais limpinhos...
Poder sem pudor
O general e a cachaça
O general Góis Monteiro, truculento ministro da Guerra de Getúlio Vargas, orgulhava-se da fama de bom entendedor de cachaça. Fechava os olhos, fazia pose de conhecedor e, por assim dizer, "matava":
– Esta é fabricada no engenho Queimadas, lá em Alagoas. Insuperável!
Mas um dia acabaram com a fama, quando alguém lhe serviu simplesmente um copo d'água para a devida "prova". Ele fechou os olhos, tomou um gole, estalou a língua e estranhou:
– Essa eu não sei dizer de onde é...
Editorial
Troca-troca
Terminou, há dez dias, o prazo para filiação partidária de quem pretende se candidatar às próximas eleições. Na Câmara dos Deputados, feitas as contas, registrou-se a mudança de partido de 161 parlamentares, que protagonizaram 251 mudanças de siglas na atual legislatura, ou seja, vários deputados mudaram várias vezes de partido em menos de quatro anos. No total, os deputados são 513. Isso significa que 31,1% dos deputados, quase um terço deles, mudou de agremiação. No Senado, houve 15 mudanças, 11 delas só nas duas últimas semanas.
O eleitor brasileiro quase não percebe essas mudanças, pois elas são feitas nas sombras, sem qualquer debate com as chamadas bases ou qualquer tipo de satisfação. São movidas por conveniências, interesses pessoais ou simples vontade de mudar para um partido que tem mais chances de eleger um número maior de deputados nas próximas eleições. Não há nessas mudanças, com as exceções de sempre, qualquer motivação programática ou ideológica. Muda-se de partido como se muda de terno, na ambição de parecer melhor ao eleitor.
Enquanto o Brasil não fizer a reforma política, essa situação não vai mudar e o eleitor ficará cada vez mais perdido. O voto distrital, que permite ao eleitor vigiar melhor seu parlamentar é uma outra saída, mas a fidelidade partidária deveria ser exigida. Partidos e seus filiados têm que oferecer à sociedade um programa e uma declaração de princípios. As mudan ças recentes apenas provam que há parlamentares que consideram a opinião do leitor a última a ser considerada, quando é considerada.
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10/15/2001
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