Valadares pede ao governo que adie decisão sobre TV digital



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O senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) sugeriu nesta quarta-feira (5) ao governo do presidente Fernando Henrique Cardoso que deixe a cargo do próximo governo a decisão sobre o modelo de televisão digital a ser implantado no país. Ele alertou para a complexidade do assunto e para as dificuldades que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) está enfrentando para decidir qual o sistema digital, entre os três possíveis (japonês, norte-americano ou europeu), que será adotado para substituir o atual modelo analógico de televisão.

Valadares acentuou o elevado valor que estará envolvido nas negociações relacionadas com a implementação do novo sistema. Segundo dados divulgados pela Anatel, as cifras estimadas são de US$ 100 bilhões em negócios a serem feitos nos próximos 10 anos. Valores que, de acordo com o senador, estão estimulando uma acirrada disputa entre os atuais detentores das grandes emissoras de televisão no Brasil.

O senador observou que a competição é tão significativa que três emissoras brasileiras, a Rede Bandeirantes, o Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) e a Rede Record, resolveram desfiliar-se da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) por discordarem da posição de outra filiada, a Rede Globo, que defende a adoção do sistema japonês.

De acordo com Valadares, não existe consenso sobre o melhor modelo, pois os defensores do sistema japonês alegam ser o mesmo mais avançado, enquanto os que advogam em favor dos sistemas europeu e norte-americano ressaltam o fato de o primeiro não ter sido testado em confronto com os outros dois modelos, que já têm eficiência comprovada.

O parlamentar disse ainda que a decisão vai repercutir em vários setores, como na geração de empregos, na mudança do padrão tecnológico - o que colocará o país em situação de igualdade tecnológica nessa área com os países desenvolvidos - e nos serviços a serem prestados ao consumidor.

Valadares explicou que o modelo atual (analógico) já está ultrapassado e que o novo sistema (digital) permitirá melhor definição de imagens e de sons e, acima de tudo, a conjugação dos serviços em um mesmo instrumento. A televisão poderá ter interatividade com a Internet e conjugar os serviços de telefonia celular, exemplificou.

- A Anatel deve atentar para essas questões. A mudança tecnológica será muito grande, pois está inserida em uma transformação maior, conhecida como revolução digital, em que modelos anteriores avançam para uma plataforma digital completamente diferente e que, na verdade, redesenha uma mudança geral nas formas de negócios. O processo de escolha não é simples - alertou - e as televisões brasileiras não estão falando a mesma linguagem.

Televisões Públicas

Outro ponto importante para o qual Valadares chamou a atenção é a necessidade de a Anatel definir, com precisão, como será feita a transição entre um sistema e outro, o que deve consumir, pelos cálculos feitos pela própria Anatel, cerca de 10 anos.

- Menos tempo do que isso não seria justo, pois temos uma população sem condições financeiras de trocar seus aparelhos de televisão imediatamente. Precisamos cuidar também para que as televisões públicas não desapareçam por não disporem de recursos para trocar seus equipamentos - advertiu o senador, no que foi apoiado, em aparte, pelo senador Roberto Saturnino (PT-RJ), que pediu cuidado no estudo da matéria.




05/06/2002

Agência Senado


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