Valadares se diz estarrecido com aumento da pobreza



O senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) mostrou-se estarrecido com recente estudo divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) que acusa a existência, no Brasil, de 50 milhões de miseráveis, vivendo com menos de R$ 80 por mês. Para o senador, os dados revelam o quadro de miséria em que vive grande parte da população brasileira e demonstram que o governo federal não vem investindo na área social.

O parlamentar sergipano estranhou que, ao mesmo tempo em que a FGV divulgava o estudo, o presidente Fernando Henrique Cardoso garantia que o governo fechava o ano com sobra de recursos para serem aplicados na área social. Valadares observou que o presidente da República chegou a culpar prefeitos por não terem recebido os recursos, já que não teriam cadastrado as respectivas prefeituras em órgãos federais para poderem ter acesso ao crédito.

- Trata-se de uma grande conversa fiada. Mas vai aqui um desafio: é só o governo informar onde estão os recursos que os prefeitos virão correndo a Brasília - disse Valadares.

Tomando por base o estudo da Fundação Getúlio Vargas, denominado "Combate sustentável à pobreza", Valadares informou que o maior entrave para o combate à miséria no país não é a falta de dinheiro, mas a má aplicação dos recursos públicos. Ele criticou a ausência de uma política habitacional do governo federal e observou que o déficit habitacional brasileiro poderia ser amenizado caso fossem usados os recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para a construção de casas populares.

O senador Edison Lobão (PFL-MA), em aparte, afirmou que a área social "vem recebendo imensos recursos" e que alguns estados e municípios não receberam dinheiro em razão da burocracia. Também em aparte, o senador José Alencar (PL-MG) comentou que o país gasta mais com o pagamento dos juros da dívida externa do que com educação e saúde. O líder do governo, senador Artur da Távola (PSDB-RJ), lembrou que a miséria está presente no país há séculos e sustentou que o atual governo, mais do que qualquer outro, vem investindo maciços recursos no setor.

19/12/2001

Agência Senado


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